Espaços Habitáveis

Chegou ao fim o I Concurso Arquitectura.pt "Espaços Habitáveis". A competição tinha por mote a criação de um espaço habitável com 27m3, sendo essa a única restrição a um programa completamente livre. Eis as propostas premiadas:

VENCEDORES/WINNERS

1º DELLY – PARK RUBIKS CUBE


2º NORMAN - PROPUESTA


3º THAISGOES – CONCURSO ESPAÇOS HABITÁVEIS


MENÇÕES HONROSAS/HONORABLE MENTIONS

CATALUNA – APROPRIAÇÃO DO OBJECTO HÍBRIDO


NUNO CAPÊLO DE SOUSA – ESPAÇOS HABITÁVEIS


F_4 – PROPOSTA DO GRUPO F4


MENÇÃO ESPECIAL/SPECIAL MENTION

CADFRE – ZIGZAG PARA-SITE


OUTRAS PARTICIPAÇÕES/ADDITIONAL PARTICIPATIONS

Para além das propostas vencedoras existem outras merecedoras de um olhar mais atento. Deixo assim um conjunto de breves impressões pessoais sobre participações não premiadas que me despertaram atenção.

FUNDO – ESPAÇOS HABITÁVEIS EM 27 METROS CÚBICOS

Uma das selecções que fiz para “menção honrosa” e uma das minhas propostas preferidas. Acho muito pertinente esta ideia de Stonehenge urbano composto por objectos efémeros à mutação da cidade, em contradição com o sentido que geralmente lhe associamos de permanência.

KICO – XKUBO

Uma das propostas mais surpreendentes, uma esfera aparente em lâminas de madeira, ocultando no seu interior um cubo perfeito de betão translûcido. Um objecto difuso para abrigar cidadãos sem-abrigo – e uma provocadora observação sobre o esconder social da exclusão urbana que pode estar, afinal, em toda a parte, alheio ao nosso olhar.

TEIGAS – ESPAÇO AMESTERDÃO

Uma transposição directa do símbolo da Arquitectura.pt transformado em módulo suspenso de habitação momentânea, caixa multi-usos para ver e ser visto na cidade.

JOAOCASILVA – (PUBLI)CITY SPACE

Diversas propostas exploraram a ideia de apropriação de suportes publicitários, neste caso de uma forma bastante insólita.

MARTAMOREIRA – TEMP-SPACE

Novamente uma apropriação de um espaço “outdoor”, aqui assumindo-se como espécie de contentor expansível.

SURREAL – THE PIXEL

A formalização poderia justificar alguma elaboração, mas a ideia de arquitectura como reality-show parece-me tão perturbante quanto genial. A sobre-exposição do indivíduo numa cidade painel é uma excelente ironia sobre o espaço social na cidade contemporânea.

HUGOPASTOR – HABITAT TR3S

Mais um objecto replicante. Uma visão hiper-funcional do habitar e talvez uma pequena metáfora sobre a expansão de uma “cidade genérica”.

MALAISE – PROPOSTA

Um destaque final para esta caixa-palco, abrigo que se transforma em espaço de teatro espontâneo ou lugar para eventos culturais.

O resultado da associação colectiva de selecções do júri acabou por fazer prevalecer propostas de execução mais elaborada, em detrimento de outras menos desenvolvidas mas nem por isso menos estimulantes. O projecto vencedor “Rubik’s Cube” sobressaiu pela qualidade das peças gráficas mas também pela capacidade de explorar o apelo do objecto sem comprometer uma intenção verosímil; característica que se transpõe também nas restantes propostas premiadas. Das três escolhas, o contentor descapotável da “Propuesta” é o que revela um sentido mais comunitário e, por isso, um maior sentido de urbanidade. Mas é ao nível das menções seleccionadas que surgem as verdadeiras surpresas, objectos de alguma forma intrusivos do espaço urbano, apropriações menos previsíveis de suportes existentes ou possíveis; por vezes improváveis e, por isso mesmo, capazes de repercutir um estímulo de vivência sobre o real.
Parece-me, no entanto, que o verdadeiro interesse desta iniciativa surge de olhar a diversidade do conjunto de ideias apresentadas. Por vezes insólitas, outras com algum grau de ingenuidade. É essa a razão que me faz apresentar participações adicionais que ficaram fora da selecção final mas que despertam uma maior riqueza de leitura e imaginário. Destacando assim o “Stonehenge Urbano” e as demais concepções curiosas sobre esta possibilidade de “container” habitável. Ou de desmontar sentidos e extrudir formas mais convencionais de o experimentar, como no caso do “Xkubo” e do “Espaço Amesterdão”, estes últimos questionando mais a relação com a envolvente urbana do que o objecto em si.
Parabéns ao portal Arquitectura.pt pela iniciativa e a todos os que, sem excepção, participaram com o seu tempo e o seu esforço.

Livable Spaces
Website Arquitectura.pt (portuguese) organized it’s first competition, titled “Livable Spaces”. Participants were asked to create a housing module with a maximum volume of 27m3. These are the awarded proposals.
[images above]
The balance of jury selections determined the predominance of more elaborate proposals, in detriment of less structured entries that were, in some cases, equally stimulating. The winning “Rubik’s Cube” was noticeable for its graphic quality but also for the capacity to explore the appeal of a constrainted object, without compromising an intention of practicality; a characteristic that was, somehow, recurrent on the remaining prized entries. Of the three awarded proposals, the convertible container of the “Propuesta” is probably the one that reveals a real communitarian sense and, therefore, a greater sense of urbanity. But it’s probably among the selected mentions that the real surprises arise, objects that are somehow intrusive of the urban space, less predictable appropriations of existing supports; sometimes improbable and consequently more impressive and stimulating.
I think that the real interest of this initiative comes from the diversity of ideas. Sometimes surprising, others with a delightful sense of naivety. That’s why I think it’s important to consider some of those proposals that were left out of the final selection. They were, in some cases, even more startling and imaginative. I would highlight the “Urban Stonehenge” among the remaining curious solutions for this livable container, as revealed by the “Xkubo” and the “Amsterdam Space”.
Congratulations to the portal Arquitectura.pt for the initiative and to all the participants.

2 comentários:

  1. Gostei e como tal fiz uma pequena referência no meu blog.

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  2. Tinha algumas duvidas de que a minha escolha fosse de encontro à selecção feita pelos restantes membros do juri, mas fiquei muito satisfeito por ver que a eleição dos vencedores foi feita a partir de critérios muito aproximados uns dos outros. Sabia que era o membro mais jovem e foi também um teste a este meu sonho de um dia conseguir vir a dar aulas... também serviu de barómetro nesse sentido.

    Foi um prazer enorme partilhar o juri convosco!

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